Hoje permitam-me usar este espaço para exercer o meu direito à indignação.
Como sou de Portimão, parece-me importante informar que o Serviço de Finanças de Portimão, tal como muitos dos Serviços de Finanças do país, esteve encerrado ao público durante todo o dia de hoje (dia 4) devido à greve.
O Secretário de Estado da Administração Pública apresentou, em horário nobre, em todos os canais televisivos, os números oficiais desta greve. Segundo o próprio, os sindicatos não apresentaram números correctos. Como tal, parece-me que se deve esclarecer o que se passou. Acedendo ao portal do Ministério das Finanças podemos consultar os números completos por Ministério e dá logo para fazer algumas contas. Se agruparmos o número total de funcionários de cada Ministério e calcularmos o total dos que estão em greve, as percentagens são pouco significativas, se juntarmos os números todos de todos os ministérios, a percentagem global são os 13% anunciados. Mas nem todos os funcionários públicos de todos os Ministérios tinham motivos para fazer greve para não falar do pessoal do Ministério da Defesa que nem sei se estavam todos abrangido pelos pré-avisos de greve.
Nem sequer no Ministério das Finanças há homogeneidade de carreiras, existem muitas situações diferentes, por isso as motivações dos trabalhadores também são diferentes. Mas vejamos os números: de acordo com o Governo, o Ministério das Finanças tem 14.149 funcionários, dos quais 5.902 estiveram em greve (41,71%) mas os serviços periféricos encerrados foram 229 dos 380 (ou seja, 60,26%). Já parece mais significativo do que os 13%, não?
O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) foi um dos que aderiu a esta greve. Segundo os dados do STI, 80% dos trabalhadores dos impostos estiveram hoje em greve e 90% dos Serviços de Finanças do país encerraram. E porque é que eu acredito nestes números apesar dos números oficiais do Governo? Primeiro porque o Ministério das Finanças tem outros funcionários além dos que trabalham nos impostos (quando digo impostos falo da DGCI e da DGITA), segundo porque o STI tem os dados fornecidos pelos seus representantes nos serviços e esses dados certamente coincidem com os oficiais (tanto quanto sei, os dirigentes dos sindicatos não inventam números).
De qualquer forma, só posso falar do que conheço e sei como o STI faz as suas contas.
O que me parece ainda mais importante é que seja dada importância aos transtornos causados à população em geral, que tem todo o direito de se indignar com estas greves mas mais ainda, que se expliquem os motivos desta greve a todos os portugueses. Reduzir a motivação dos trabalhadores ao congelamento dos salários é ignorar as verdadeiras reivindicações e dizer ao país inteiro que, apesar da crise, os funcionários públicos só pensam em dinheiro.
Continuando no que conheço: os funcionários dos impostos estão, como sempre estiveram, dispostos a ajudar a combater o deficit e a dar o seu melhor a bem do país. O congelamento de salários é o último ponto que consta no pré-aviso de greve do STI, precisamente por ser o menos importante.
Como o texto já vai longo não vou transcrever o pré-aviso de greve do STI que já é público e pode ser consultado por qualquer interessado, mas posso resumir os motivos de descontentamento dos funcionários dos impostos numa única frase:
OS FUNCIONÁRIOS DOS IMPOSTOS CUMPREM POR ISSO EXIGEM RESPEITO!
Fonte: Dra Carla Silva, colaboradora d´"O Calinas"
5 de março de 2010
Categories: Função Pública, Greve, Resistir
Publicada por
miKo
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É sempre a mesma mentira do Governo nos dias de greve, para eles as greves não acontecem...
ResponderEliminarCá para mim, isto releva alguns sintomas autistas e uma negação da realidade... resvalando a esquizofrenia...
No que diz respeiro ao sector da Saúde, a adesão foi excelente...
O que acontece é que o Governo faz as contas assim:
- Dos 700 000 funcionários públicos fizeram greve "x", mas não é assim... Não é dos 700 000, mas sim, dos que estavam escalados para trabalhar nesse dia, ficam de fora os funcionários de folga, de atestado médico, de férias... pois esses ninguém sabe que fariam ou não greve...
Enfim... uns artistas...