30 de dezembro de 2011

José Dias Coelho, 50 anos depois da sua morte


– "Hoje, como então, os oportunismos tiram força à luta e aos combatentes, porque iludem a realidade e não perspectivam o caminho, nem apontam claramente os objectivos".


Relembrar aqueles que caíram, os heróis da resistência antifascista, não é apenas olhar o passado. É também lembrar que a luta pela emancipação dos trabalhadores e dos povos pode, em diferentes momentos, enfrentar uma repressão mais ou menos abertamente violenta, mas é sempre travada contra um inimigo de classe que não abdica de recorrer a todos os meios para perpetuar o seu domínio. E que só será vencido por uma força maior: a das massas unidas, organizadas e dispostas à luta, quaisquer que sejam os sacrifícios que essa luta imponha.



Esta é, com toda a probabilidade, a última vez (sim, a última vez porque já tenho 83 anos), que participarei numa cerimónia de homenagem ao Zé, recordando-o, neste dia 19 de Dezembro em que foi brutalmente assassinado.

Por isso, e porque o camarada Jerónimo certamente abordará a sua biografia como militante comunista, eu falarei dele num registo mais íntimo: a intimidade criada em mais de uma dezena de anos em que partilhámos desde as lutas estudantis e pela Paz às tarefas comuns, desempenhadas juntos na clandestinidade, de fornecer documentação falsa que defendesse os camaradas da vigilância da PIDE, de procurar renovar graficamente os documentos e a imprensa partidária, de iniciar um arquivo fotográfico do Partido e a partir dele redigir “A Resistência em Portugal’, assim como suportarmos juntos a ausência da família e dos amigos, a dolorosa separação da nossa filha, mas, juntos também, a felicidade do nascimento da mais nova e descobrirmos a alegria das pequenas coisas com um sabor intensificado pela austeridade do dia-a-dia, as festas de amor vividas com a força de não sabermos se, na madrugada seguinte, bateria à nossa porta uma brigada da PIDE a sobressaltar-nos na cama e a separar-nos. A constante ameaça da prisão.


Mas foi muito mais dura do que isso a separação imposta pelo crime que ali, na rua que hoje tem o seu nome, o tomou mais uma vítima do fascismo.


Não o vi depois de morto, só soube da sua morte no dia em o enterraram. Não fiz, pois, o que se chama “o luto” e por isso arrastei dolorosamente ao longo dos anos coisas por dizer, remorsos por não ter dito, lamentos que não expressei.


Hoje, cinquenta anos passados depois da sua morte, vem-me claramente à ideia aquele livro de Anna Seghers – “Os mortos continuam jovens”.Porque a verdade é que, nem eu, nem ninguém que o conheceu poderá recordá-lo de outra forma que não seja aquele homem na força da vida, jovem e entusiasta. Sim, os mortos continuam jovens e ele, jovem para sempre.
Jovem e “sem vocação para a morte” como disse Eugénio, de Andrade no poema “Discurso tardio à Memória de José Dias Coelho”

… “Morre-se de ter uns olhos de cristal,
Morre-se de ter um corpo, quando subitamente
uma bala descobre a juventude
da nossa carne acesa até aos lábios.”…


Ou ainda, como o seu grande amigo José Cardoso Pires afirmou na primeira homenagem a José Dias Coelho logo a seguir ao 25 de Abril, na Sociedade Nacional de Belas Artes em 19 de Junho de 1974, dia em que, se fosse vivo, o Zé teria feito 51 anos:


“Sabemos que é um capítulo, ódio ou máscara do medo, a morte imposta aos militantes da liberdade. Mas sabemos igualmente que é dela que o fascismo faz moeda própria e alimento essencial, que onde haja exploração do homem está ela, a morte, disfarçada de comum e natural, e que, irmã traidora da fome, tem na guerra, em todas as guerras, o seu lucro mercenário. (…) É a morte, morte, sempre a morte, que aparece como exibição imperialista de orgulho e de poder. Por isso é que os verdadeiros revolucionários amaram e defenderam a vida com o risco do último sacrifício e entre esses, Dias Coelho, o meu amigo de longe e para sempre. Poucos como ele tiveram tão saudável e empenhado gosto de viver, e raros, raríssimos, usaram de tão serena tolerância no desejo de compreender e lutar”.Assim falou dele o amigo José Cardoso Pires.


E tinha razão, mesmo para além do que directamente conhecia. Gosto de viver, desejo de compreender e de lutar poderia ser uma biografia sintética do Zé.


E de lutar em diversas e variadas lutas, começando pelas suas intimas e não confessadas. Uma batalha que se inicia a partir de dentro de si próprio, entre a sua passividade de artista
contemplativo que se expressava nos seus desenhos de uma simplicidade procurada e depurada, as suas “Líricas” e outros desenhos intimistas, mas por outro lado, como defensor activo do neo-realismo, uma arte militante e de combate, uma arte do povo, pelo povo e para o povo, pela qual se exprimiu também em muitos dos seus trabalhos de desenho e escultura. Foi talvez na gravura “Morte da Catarina Eufémia”, gravura empenhada e revolucionária, mas de um claro lirismo, que melhor conseguiu a difícil simbiose entre o lirismo que lhe era próprio e a arte militante e de combate, que defendia.


Quanto ao seu “desejo de compreender”, o seu desejo de compreender tinha expressão na ideia de que, em qualquer momento da história, qualquer que seja o contesto social e político, é essencial compreender os homens. Foi essa sua característica pessoal que o levou a estabelecer relacionamentos não só com os intelectuais ligados ao Partido Comunista, mas ainda com muitos outros que, fora da organização, aceitavam colaborar em acções comuns, tal como disse o meu irmão, José Manuel Tengarrinha, acentuando que: “o prestígio de Dias Coelho e a confiança que lhes merecia [aos intelectuais sem partido], foi um importante factor de alargamento da frente intelectual antifascista, que nunca permitiu espaço de manobra e de credibilidade aos intelectuais servidores do regime.”


Isto no período da guerra fria e das tentativas de isolamento do Partido Comunista. “É nestas condições [diz o meu irmão], que podemos avaliar as grandes dificuldades do trabalho político desenvolvido por José Dias Coelho e o mérito da sua influência no campo intelectual”.Eu posso testemunhar que, no decurso das várias tarefas e na vida partidária, o Zé nunca abandonou esse desejo de compreender. E assim, nos dois últimos anos da sua vida, foi para ele como que um deslumbramento esclarecedor a alteração crítica à linha do Partido desenvolvida a partir da fuga de Peniche, realizada no dia 3 de Janeiro de 1960.


De facto, desde Janeiro de 1960, mais concretamente a partir da reunião extraordinária de Fevereiro desse ano e, com a aprovação dos documentos “A tendência anarco-liberal na organização do trabalho de direcção” e “O desvio de direita nos anos 1956- 1959″, na reunião do Comité Central de Março de 1961, desenvolveu-se em todo o Partido um vivo debate critico (em que nós participámos activamente) ao desvio oportunista de direita e, consequentemente, à errada concepção da possibilidade de derrubamento do fascismo por uma qualquer “solução pacífica”, hipótese que era admitida desde fins dos anos 50 e tornada oficial a partir do V Congresso do Partido, realizado em Setembro de 1957.


A crítica foi dura, mas clara e lógica: - dado o carácter da ditadura fascista, determinada a manter o poder e resistir até ao tini por meio de uma política de repressão feroz, não era possível manter a ilusão de “uma transição pacífica” que vinha a ser admitida no Partido, por influência do chamado “Relatório de Kruchov” e desenvolvimentos posteriores a partir do XX Congresso do PCUS.


A orientação de que o derrubamento do fascismo só poderia ser efectuado por meio de uma solução violenta, uma insurreição popular, a luta do povo em união com os militares revolucionários, vencendo e destruindo o aparelho militar e repressivo fascista, viria ser aprovada no VI Congresso, juntamente com o Programa para a Revolução Democrática e Nacional. Quando o VI Congresso se realizou, em Setembro de 1965, já o Zé tinha morrido e o Congresso prestou-lhe uma sentida homenagem.


A rectificação ao desvio oportunista de direita, sem ilusões de saídas pacíficas, em cuja discussão o Zé participou activamente, deu-lhe a clara consciência do caminho real, muito duro e difícil, que se apresentava pela frente, que havia que assumir e enfrentar - o caminho da prisão e da tortura, da morte e do sangue derramado.


Ele sabia, portanto, os perigos que enfrentava.


Hoje, como então, os oportunismos tiram força à luta e aos combatentes, porque iludem a realidade e não perspectivam nem o caminho, nem apontam claramente os objectivos.


José Dias Coelho deu a vida, consciente dos perigos que enfrentava e certo de que a sua luta conduziria ao Portugal socialista pelo qual, morreu.

19 Dezembro 2011

[*] Intervenção de Margarida Tengarrinha na sessão pública que assinalou os 50 anos do assassínio de José Dias Coelho pela PIDE

O original na íntegra encontra-se em http://www.odiario.info/?p=2321

Este discurso encontra-se em http://resistir.info/ .

19 de outubro de 2011

Contra o pacto de agressão «aqui dizemos Não»


Mais de 5000 pessoas responderam ao apelo do PCP e participaram no desfile que percorreu as ruas da «baixa» de Lisboa. Numa jornada de luta contra o pacto de agressão que se insere no movimento de massas e marca o arranque de um conjunto de iniciativas promovidas pelo PCP.

Num desfile, marcado pelo espirito combativo, os manifestantes demonstraram a sua posição contra o roubo ao país e ao povo português, em favor da banca e dos grandes grupos económicos e financeiros. Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, afirmou que este caminho de desastre não é uma inevitabilidade, que está nas mãos dos trabalhadores e do povo português através da luta organizada derrotar a política de direita e construir uma política alternativa que vise a valorização dos salários, a taxação dos lucros dos grandes grupos económicos e do controlo pelo Estado dos sectores estratégicos da economia.

12 de outubro de 2011

Encontro com trabalhadores E.Leclerc e CESP‏


Uma delegação do Partido Comunista Português, integrando o deputado eleito pelo Algarve, Paulo Sá, reuniu-se hoje, em Portimão, com representantes dos trabalhadores da empresa E. Leclerc e do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços – CESP para se inteirar da situação dos trabalhadores perante o iminente encerramento da empresa.

Durante o mês de Setembro, os cerca de 75 trabalhadores da E. Leclerc de Portimão receberam cartas da Administração anunciando o encerramento da empresa. Segundo os representantes dos trabalhadores, a Administração informou que, devido a quebras de facturação, a E. Leclerc de Portimão irá encerrar no dia 31 de Outubro de 2011 e que todos os seus trabalhadores serão despedidos.

O PCP, através do seu Grupo Parlamentar na Assembleia da República, já questionou o Ministério da Economia e do Emprego, no passado dia 23 de Setembro, sobre as medidas que o Governo pretende tomar para salvaguardar os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores da E. Leclerc de Portimão.

A luta dos trabalhadores da E. Leclerc, apoiada pelo seu sindicato de classe, é o caminho a seguir para a defesa dos seus direitos e interesses. A delegação do PCP manifestou a sua solidariedade e apoio aos trabalhadores e continuará a acompanhar atentamente a situação.


10 de Outubro de 2011

9 de maio de 2011

TENTATIVA DE AGRESSÃO AO ELEITO DA CDU


NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE PORTIMÃO, EM PLENA CÂMARA MUNICIPAL
 
 
 
 
No final da última sessão da Assembleia Municipal de Portimão, o vice -presidente da câmara Luís Carito, em tom ameaçador provocou o eleito da CDU – Coligação Democrática Unitária, naquele órgão autárquico.
 
Havendo ameaça de agressão física, que foi repelida pela interposição de outros membros da Assembleia Municipal e face à sua impotência em atingir os seus objectivos, Luís Carito em tom raivoso, adjectivou o eleito da CDU – Coligação Democrática Unitária de bufo e P.I.D.E.
 
Como é do conhecimento público, as forças políticas com assento na Assembleia Municipal de Portimão, receberam uma cópia de uma carta não assinada, enviada ao presidente da Câmara Municipal. Nessa carta eram descritos actos gravosos de gestão, na empresa municipal Portimão Urbis, actos esses imputados a Luís Carito, o qual é o responsável por aquela empresa municipal.
 
Ao receber a carta, a CDU – Coligação Democrática Unitária, decidiu apresentá-la ao Presidente da Assembleia Municipal de Portimão Francisco Florêncio, que se recusou a apreciar a mesma, sendo que pela legislação em vigor o correcto seria enviá-la às entidades judiciais, para investigação.
 
À parte a diatribe de Luís Carito, a CDU – Coligação Democrática Unitária, não pode deixar de afirmar a sua posição:
 
1º - Os eleitos da CDU – Coligação Democrática Unitária, sempre discordaram da constituição daquele tipo de empresa municipal;
 
2º - A CDU – Coligação Democrática Unitária, em relação à gestão da empresa
Portimão Urbis tem reservas;
 
3º - Os sucessivos eleitos da CDU – Coligação Democrática Unitária nos órgãos
Municipais, têm solicitado a apresentação das contas daquela empresa, o que tem sido sucessivamente negado pela maioria absoluta do Partido Socialista na Câmara Municipal de Portimão.
 
Em conclusão, o acto do vice – presidente Luís Carito, foi mais um caso de prepotência, arrogância e desespero em que se refugia a maioria absoluta do Partido Socialista nos órgãos autárquicos de Portimão.
 
A CDU – Coligação Democrática Unitária, mantém em sua posse a carta, que se encontra disponível para as autoridades competentes.
 
 
 
                                                      Portimão, 05 de Maio de 2001
 
 
                                                    A Comissão Concelhia de Portimão
                                                      do Partido Comunista Português

5 de maio de 2011

Jerónimo de Sousa denúncia medidas do FMI



Numa iniciativa de CDU realizada hoje no Algarve, Jerónimo de Sousa denunciou a dimensão e profundidade da maior agressão aos direitos do povo e do país desde o fascismo. Referindo-se às medidas apresentadas pela troika FMI/BCP/UE e subscritas por PS, PSD e CDS, o Secretário-geral do PCP sublinhou o carácter ilegítimo desta intervenção destinada a favorecer os interesses do capital nacional e estrangeiro, ao mesmo tempo que agrava a exploração, o desemprego, a pobreza e arrasta o país para o desastre económico e social.

29 de abril de 2011

Todos ao 1º de Maio!


O movimento sindical unitário comemora no próximo Domingo o Dia Internacional dos Trabalhadores, com acções por todo o país, sob a palavra de ordem «Contra as injustiças, mudar de políticas». O PCP, pela voz de Nuno Almeida, apela a todos os trabalhadores para participarem, exigindo uma outra política e uma verdadeira resposta aos problemas do país.

FARO 10 horas Jardim da Alameda - Desfile as 15 Horas

20 de abril de 2011

Aumento dos preços dos combustíveis


Apoios ao sector da pesca em debate no plenário do PETerça 19 de Abril de 2011


Por iniciativa do PCP, o Parlamento Europeu vai debater na próxima Sessão Plenária, o agravamento da crise no sector da pesca devido ao aumento dos combustíveis e a necessidade de serem adoptadas medidas comunitárias de emergência de apoio a este importante sector.

Por iniciativa do deputado do PCP, João Ferreira, foi apresentada à Comissão Europeia uma pergunta oral sobre a crise no sector da pesca devido ao aumento do preço dos combustíveis, para ser debatida numa próxima Sessão Plenária.

Com efeito, tem vindo a registar-se uma subida acentuada do preço do petróleo – nos últimos seis meses, a subida do preço do barril de Brent ultrapassou os 47% – com repercussões graves na economia e nas condições de vida das populações mais dependentes do sector.

Este aumento do custo dos factores de produção, conjuntamente com os baixos preços de primeira venda do pescado, veio agravar a situação dos pescadores e armadores, levando, em diversos casos, à cessação da actividade por parte destes e, consequentemente, ao agravamento da situação económica e social em inúmeras comunidades piscatórias.

O deputado comunista avança com a necessidade de serem adoptadas medidas comunitárias de emergência de apoio ao sector da pesca, bem como de outras medidas que garantam a sua sustentabilidade a médio-longo prazo

7 de abril de 2011

A CDU apresenta candidato á AR


PAULO SÁ – 1º candidato da lista da CDU no distrito de Faro

Paulo Miguel de Barros Pacheco Seara de Sá, 45 anos, professor de Física na Universidade do Algarve, encabeçará a lista da CDU às eleições legislativas do próximo dia 5 de Junho.
Membro da DORAL e da Comissão Concelhia de Faro do PCP, aderiu ao Partido em 1983. Membro da Comissão Regional para as Questões da Educação e Ensino da Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP.
Eleito na Assembleia Municipal de Faro.
Estudou na U.R.S.S., onde foi Presidente da Associação de Estudantes Portugueses.
Licenciatura e Mestrado em Física, na Universidade Estatal de Moscovo. Doutoramento e Agregação em Física no Instituto Superior Técnico.
Foi membro da Comissão Nacional do PCP para a Ciência e Tecnologia. Foi candidato pela CDU à Assembleia de Freguesia de Montenegro nas Eleições Autárquicas 2005. Foi vice-presidente do Conselho Directivo da Unidade de Ciências Exactas e Humanas, presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Ciências e Tecnologia e membro do Senado da Universidade do Algarve. Actualmente, é membro do Conselho Geral da Universidade do Algarve.
Foi cabeça de lista da CDU às eleições legislativas de 2009 pelo círculo de Faro.
Membro do Conselho Geral do agrupamento de escolas do Montenegro/Faro. É presidente da associação de pais e encarregados de educação deste agrupamento.
Foi fundador e membro da 1ª Direcção do Centro de Ciência Viva do Algarve. É membro do conselho consultivo deste centro.
Foi mandatário distrital da candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República.
Com a presente divulgação, a CDU no distrito de Faro dá início à expressão pública dos seus candidatos, no quadro de um processo que envolverá a apresentação do conjunto da listas e a sua formalização e entrega no tribunal.
Candidatos que asseguram simultaneamente a confirmação e prosseguimento da experiência e do provado percurso de trabalho do actual Grupo Parlamentar e garantia para o futuro da exigência colocada pelos eleitos da CDU no exercício das suas funções políticas e parlamentares.
Ligados à vida e às aspirações populares, os candidatos da CDU dão expressão ao protesto e à exigência de uma mudança efectiva na vida política nacional e asseguram uma combativa contribuição para a mobilização e esclarecimento indispensáveis à afirmação de uma política patriótica e de esquerda.
No quadro do agravamento geral da situação social no Algarve, mais falta faz ao Algarve deputados eleitos pela CDU. Como sempre, confiamos nos trabalhadores e no povo.

7 de Abril de 2011 O Gabinete de Imprensa da DORAL do PCP

31 de março de 2011

Tempo de Antena PCP

24 de março de 2011

A dura luta de classe


Quem ler ou ouvir as notícias do dia ficará certamente seguro de que a vida em Portugal está a entrar em fase de agudíssima conflitualidade política e social. Agora, tudo se precipita, de roldão. Aos pobres, o poder capitalista exige cada vez mais sacrifícios, com o aumento do desemprego, da insegurança e da dependência de um crédito de realidade cada vez mais duvidosa. Agudiza estados de angústia entre os trabalhadores, crivados de impostos. Cumula os ricos de regalias e espezinha os humildes e os indefesos, usando da impunidade de quem se sente senhor todo poderoso dos destinos da Nação. Age como os ditadores e não cumpre as suas próprias leis. Tal como na ascensão do fascismo aconteceu.

A filosofia reinante na área governativa é a de que o conjunto da população portuguesa deve ser classificado em três grandes grupos, com estatutos desiguais: o grupo dos poderosos que controlam os circuitos do dinheiro, o aparelho produtivo, as relações externas e o aparelho político e social; o dos «pobres por natureza», que já nasceram escravos e assim devem permanecer, submissos e muito ligados à Igreja e à caridade cristã; e o dos «terceiros excluídos», dos pagadores de promessas, os cidadãos submissos à propaganda e aos interesses capitalistas e que, pura e simplesmente, buscam o seu próprio bem-estar. Uma sociedade que reage a velocidades variáveis enquanto invoca uma Justiça com duas caras, uma Economia que «troca o passo» a cada passo e uma Constituição flexível quanto baste, disponível para impor em quaisquer circunstâncias as orientações daqueles que representam as forças dominantes do grande capital.

Ficam assim as portas entreabertas ao regresso do Deus, Pátria e Família do passado. Tudo isto nos quadros de uma Europa que não se encontra numa situação muito melhor que a de Portugal. Enquanto por todo o lado se cruzam febrilmente as intrigas políticas impotentes para evitarem que os «milagres da globalização» se desmoronem.

Cenários de destruição e de pobreza. Cenários de duras lutas de classes. É cada vez maior a multidão dos que «não têm nada a perder a não ser as suas algemas».



Ruptura e mudança



O sentimento que os capitalistas temem ver generalizar-se a todos os povos é o da completa perda dos medos das massas populares à repressão do poder central ou do capital privado e dos seus aliados. E o facto é que, em todo o mundo, cresce a consciência de que a justiça social nada tem a ver com o sagrado, confessional ou laico. E de que este pode ser (e é, de facto) usado como camuflagem das manobras que servem para enganar as massas e dilatar as formas de exploração do homem.

Neste aspecto, o caso português é exemplar. Devia ser meditado pelos católicos que se formaram nos automatismos da teologia. E também por todos os crentes de princípios honestos que admitem ser possível que políticos como Sócrates possam ser sinceramente movidos por ideais.

No plano da fé, é mais que tempo dos crentes interpelarem as suas hierarquias. Como entender, no plano ético, que os bispos emudeçam perante crimes terríveis de lesa-humanidade como os que estão na linha do horizonte; os PEC que em breve farão crescer exponencialmente os dois milhões de pobres portugueses que as optimistas estatísticas admitem existirem, os cortes sempre mais profundos nas pensões sociais, as reduções das verbas orçamentais autárquicas, os congelamentos das baixas reformas, o aumento dos preços dos medicamentos enquanto sobem as contribuições e o custo de vida, etc., etc. Emudeceram as balelas do «pelotão da frente», do «enriquecimento na globalização» ou do «combate à pobreza». De súbito, eis que a visão do «paraíso» cede lugar aos pesadelos do lamaçal do «inferno».

Como entenderão, os católicos, estes silêncios cúmplices do seu episcopado? Então, a Igreja (embora tenha como papa um autêntico banqueiro) já nem sequer cuida da sua maquilhagem piedosa? Que é feito da «Mãe dos Pobres «ou do «Milagre dos Pastorinhos»?

Há 53 anos, escrevia António Pato no clandestino Militante, separando as águas: «Nós, comunistas, orientamo-nos pelo marxismo-leninismo cuja base teórica reside no materialismo dialéctico. Como se sabe, a concepção materialista e dialéctica não faz depender de Deus a existência das coisas e dos fenómenos. Mas não devemos confundir a nossa posição ideológica frente à religião com a nossa atitude em relação às massas religiosas e crentes em Deus».

Esta continua a ser a firme posição dos comunistas portugueses.

•Jorge Messias em; http://www.avante.pt/pt/1947/argumentos/113195/