Discurso de 11 de Dezembro de 2009
Sr. Presidente da Câmara Municipal de Portimão
Presidente da Assembleia Municipal
Vereadores e Membros da Assembleia Municipal
Autoridades Civis e Militares
Familiares de Manuel Teixeira Gomes
Senhoras e Senhores
Encontramo-nos aqui hoje, no dia em que se comemora o octogésimo quinto aniversário da elevação de Portimão a cidade para homenagear um dos seus mais ilustres filhos, Manuel Teixeira Gomes.
Homem de muitas facetas, comerciante, diplomata, escritor e Presidente da República. Nunca descurou no entanto de admirar outras artes, tal como a pintura e a escultura, tendo-se tornado inclusive amigo de Columbano e de outros grandes mestres.
Autor de várias obras tal como “Inventário de Junho”, ”Agosto Azul”,“Gente Singular”e “Sitio da Mulher Morta”.
A sua alma irrequieta, leva-o a viajar por essa Europa fora, tendo chegado a ser amigo de muitas das figuras mais proeminentes das artes da época.
A sua vida política começa em 1910 quando da revolução republicana, da qual é um dos principais obreiros, em 1911 é empossado no cargo de Embaixador em Londres, onde se faz respeitar pela sua capacidade diplomática, inteligência e cultura. Demitido em 1918 quando Sidónio Pais chega à Presidência, volta no entanto a ocupar o cargo de diplomata em Madrid e Londres de 1919 a 1923. Chegou à Presidência em 6 de Agosto de 1923. É neste período, mais concretamente em 1924, que Manuel Teixeira Gomes torna possível aquilo que já anteriormente Marquês de Pombal tinha tentado, e que D. Maria I tinha vetado; a elevação de Portimão a cidade. Homem íntegro e impoluto, de uma extrema sensibilidade e desapego ao poder, depressa se sentiu desiludido e desencantado com a política. Em 11 de Dezembro de 1925 resigna e parte para Bougie na Argélia.
Sobre ele escreveu Norberto Lopes no prefácio do livro “ O Exilado de Bougie”:
“Pudera eu traçar-lhe um perfil que fosse digno da sua personalidade requintada, sóbria, simples como a de um grego do século de Péricles, magnânimo e brilhante como a de um príncipe florentino da renascença.”
Minhas Sras. e meus Srs.
Hoje, tal como ontem vivemos um período difícil, atravessamos uma grave crise, que mais que uma crise económica é uma crise de valores, onde a ética e a moral não passam de meras e gastas palavras que para muitos não fazem sentido.
Hoje, quando a corrupção alastra, precisamos de políticos como Manuel Teixeira Gomes, que estejam dispostos a servir o povo, governem com desapego e desprendimento, e não para servir-se da política para os seus interesses pessoais.
Hoje, vivemos sobretudo numa Democracia que não passa de uma máscara, de cujo nome pouco resta.
Sim é certo que temos eleições de quatro em quatro anos, mas continua a ser uma democracia formal, condicionada pelo Marketing, pela fome, pela precariedade do trabalho, pelo desemprego, onde a falta de liberdade de imprensa é uma constante, sendo exercidas pressões sobre os órgãos de comunicação social na defesa dos interesses obscuros de alguns e dos grandes grupos económicos.
Vivemos num país que vende ilusões e fantasia, mas no qual tudo o que nos resta é o pesadelo.
Também a cidade segue esses mesmos princípios de ilusão e fantasia. Promovem-se grandes eventos, lautos jantares, quer-se uma cidade dinâmica, grandiosa e reconhecida tanto nacional como internacionalmente. Tudo boas intenções, mas partindo de pressupostos errados. Todos os eventos podem e devem contar com os munícipes desde que vocacionados para o bem comum. Hoje temos uma densidade de Centros Comerciais por metro quadrado como poucas grandes cidades da Europa se podem orgulhar, mas vejam ao que nos levou.
O pequeno comércio falido e uma das maiores taxas de desemprego do país, muito acima da média nacional e a maior Algarve,. O rendimento per capita inferior ao de muitas das cidades algarvias, como por exemplo Loulé e Faro. Hoje há fome em Portimão, envergonhada é certo, mas a atingir níveis preocupantes. No entanto, a maior resposta é dada, não pela autarquia, mas sim pelas diferentes organizações religiosas e de Solidariedade Social.
A economia do Concelho que durante décadas, séculos, foi predominantemente agrícola e piscatória, com uma Indústria conserveira próspera, hoje vive essencialmente do Turismo e Serviços. Esse mesmo turismo que se está a matar com a insegurança que se tem propagado no Concelho, onde não são raros os assaltos a pessoas e bens, e como pano de fundo o espectáculo degradante que é proporcionado aos turistas em muitos pontos da cidade, sendo o mais flagrante. o Bairro de lata que tem vindo a ser patrocinado e apoiado pela edilidade junto ao Mercado Municipal, que com os seus esgotos a céu aberto constituem um perigo para a saúde pública.
A cidade cresceu, é um facto, mas desordenadamente, num caos urbanístico que levou à descaracterização da mesma. Vivemos numa cidade congestionada pelas escassas acessibilidades, carente em estacionamentos, espaços verdes e jardins infantis. As creches públicas praticamente não existem, e a opção que resta às famílias são as privadas, que a grande maioria não tem capacidade financeira para pagar.
É verdade que nos prometem agora o admirável mundo novo. A requalificação de jardins e outros novos a construir, o novo cemitério, a Gare Intermodal, a fábrica de motores da Ferrari para A1, a Cidade do Cinema. A maior parte delas são promessas velhas com novas roupagens. Promessas que por serem repetidas muitas vezes esperamos que se venham a tornar realidade, para o bem da cidade e o do seu povo. Gostaríamos de acreditar indubitavelmente que vale a pena viver em Portimão e gostaríamos de sentir um orgulho inabalável na cidade onde vivemos.
Sr. Presidente da Câmara Municipal de Portimão
Presidente da Assembleia Municipal
Vereadores e Membros da Assembleia Municipal
Autoridades Civis e Militares
Familiares de Manuel Teixeira Gomes
Senhoras e Senhores
Encontramo-nos aqui hoje, no dia em que se comemora o octogésimo quinto aniversário da elevação de Portimão a cidade para homenagear um dos seus mais ilustres filhos, Manuel Teixeira Gomes.
Homem de muitas facetas, comerciante, diplomata, escritor e Presidente da República. Nunca descurou no entanto de admirar outras artes, tal como a pintura e a escultura, tendo-se tornado inclusive amigo de Columbano e de outros grandes mestres.
Autor de várias obras tal como “Inventário de Junho”, ”Agosto Azul”,“Gente Singular”e “Sitio da Mulher Morta”.
A sua alma irrequieta, leva-o a viajar por essa Europa fora, tendo chegado a ser amigo de muitas das figuras mais proeminentes das artes da época.
A sua vida política começa em 1910 quando da revolução republicana, da qual é um dos principais obreiros, em 1911 é empossado no cargo de Embaixador em Londres, onde se faz respeitar pela sua capacidade diplomática, inteligência e cultura. Demitido em 1918 quando Sidónio Pais chega à Presidência, volta no entanto a ocupar o cargo de diplomata em Madrid e Londres de 1919 a 1923. Chegou à Presidência em 6 de Agosto de 1923. É neste período, mais concretamente em 1924, que Manuel Teixeira Gomes torna possível aquilo que já anteriormente Marquês de Pombal tinha tentado, e que D. Maria I tinha vetado; a elevação de Portimão a cidade. Homem íntegro e impoluto, de uma extrema sensibilidade e desapego ao poder, depressa se sentiu desiludido e desencantado com a política. Em 11 de Dezembro de 1925 resigna e parte para Bougie na Argélia.
Sobre ele escreveu Norberto Lopes no prefácio do livro “ O Exilado de Bougie”:
“Pudera eu traçar-lhe um perfil que fosse digno da sua personalidade requintada, sóbria, simples como a de um grego do século de Péricles, magnânimo e brilhante como a de um príncipe florentino da renascença.”
Minhas Sras. e meus Srs.
Hoje, tal como ontem vivemos um período difícil, atravessamos uma grave crise, que mais que uma crise económica é uma crise de valores, onde a ética e a moral não passam de meras e gastas palavras que para muitos não fazem sentido.
Hoje, quando a corrupção alastra, precisamos de políticos como Manuel Teixeira Gomes, que estejam dispostos a servir o povo, governem com desapego e desprendimento, e não para servir-se da política para os seus interesses pessoais.
Hoje, vivemos sobretudo numa Democracia que não passa de uma máscara, de cujo nome pouco resta.
Sim é certo que temos eleições de quatro em quatro anos, mas continua a ser uma democracia formal, condicionada pelo Marketing, pela fome, pela precariedade do trabalho, pelo desemprego, onde a falta de liberdade de imprensa é uma constante, sendo exercidas pressões sobre os órgãos de comunicação social na defesa dos interesses obscuros de alguns e dos grandes grupos económicos.
Vivemos num país que vende ilusões e fantasia, mas no qual tudo o que nos resta é o pesadelo.
Também a cidade segue esses mesmos princípios de ilusão e fantasia. Promovem-se grandes eventos, lautos jantares, quer-se uma cidade dinâmica, grandiosa e reconhecida tanto nacional como internacionalmente. Tudo boas intenções, mas partindo de pressupostos errados. Todos os eventos podem e devem contar com os munícipes desde que vocacionados para o bem comum. Hoje temos uma densidade de Centros Comerciais por metro quadrado como poucas grandes cidades da Europa se podem orgulhar, mas vejam ao que nos levou.
O pequeno comércio falido e uma das maiores taxas de desemprego do país, muito acima da média nacional e a maior Algarve,. O rendimento per capita inferior ao de muitas das cidades algarvias, como por exemplo Loulé e Faro. Hoje há fome em Portimão, envergonhada é certo, mas a atingir níveis preocupantes. No entanto, a maior resposta é dada, não pela autarquia, mas sim pelas diferentes organizações religiosas e de Solidariedade Social.
A economia do Concelho que durante décadas, séculos, foi predominantemente agrícola e piscatória, com uma Indústria conserveira próspera, hoje vive essencialmente do Turismo e Serviços. Esse mesmo turismo que se está a matar com a insegurança que se tem propagado no Concelho, onde não são raros os assaltos a pessoas e bens, e como pano de fundo o espectáculo degradante que é proporcionado aos turistas em muitos pontos da cidade, sendo o mais flagrante. o Bairro de lata que tem vindo a ser patrocinado e apoiado pela edilidade junto ao Mercado Municipal, que com os seus esgotos a céu aberto constituem um perigo para a saúde pública.
A cidade cresceu, é um facto, mas desordenadamente, num caos urbanístico que levou à descaracterização da mesma. Vivemos numa cidade congestionada pelas escassas acessibilidades, carente em estacionamentos, espaços verdes e jardins infantis. As creches públicas praticamente não existem, e a opção que resta às famílias são as privadas, que a grande maioria não tem capacidade financeira para pagar.
É verdade que nos prometem agora o admirável mundo novo. A requalificação de jardins e outros novos a construir, o novo cemitério, a Gare Intermodal, a fábrica de motores da Ferrari para A1, a Cidade do Cinema. A maior parte delas são promessas velhas com novas roupagens. Promessas que por serem repetidas muitas vezes esperamos que se venham a tornar realidade, para o bem da cidade e o do seu povo. Gostaríamos de acreditar indubitavelmente que vale a pena viver em Portimão e gostaríamos de sentir um orgulho inabalável na cidade onde vivemos.
Nenhuma resposta para "Dia da cidade de Portimão"
Enviar um comentário
Obrigado por participar neste blogue. O seu comentário será publicado o mais rapidamente possível.